Inicialmente, a expectativa era de que o governo norte-americano enviasse outro avião para levar o grupo do Amazonas para Minas Gerais, mas o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pediu um voo da FAB para o transporte. Ele orientou a Polícia Federal a recepcionar os brasileiros, que chegaram ao país algemados, e determinou a retirada imediata das algemas.
"Ao tomar conhecimento da situação, o Presidente Lula determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final, de modo a garantir que possam completar a viagem com dignidade e segurança", disse o Ministério da Justiça por meio de nota.
O avião da FAB decolou da Base Aérea de Brasília no início da tarde e pousou em Manaus às 14h45, horário local. A viagem com destino a Confins começou por volta das 16h50, horário também do Amazonas.
Passageiros do voo relataram que sofreram agressões dos agentes da imigração dos Estados Unidos. Em conversa com o G1, Vitor Gustavo da Silva, natural de Rondônia, disse que apanhou quando o voo chegou em Manaus, no Amazonas. Ele disse ainda que as condições do avião eram bem ruins. Vitor morou nos Estados Unidos durante 20 anos.
Jefferson Maia, outro brasileiro deportado, também falou que sofreu violência por parte dos agentes norte-americanos. Ele ficou 50 horas algemado sem água e sem acesso ao banheiro.
Este é o primeiro voo vindo dos EUA com brasileiros deportados desde o início do novo governo do republicano Donald Trump.
Neste ano, é o segundo voo com deportados a desembarcar em Confins. O primeiro pousou em 10 de janeiro, com 100 pessoas a bordo, ainda durante a gestão do democrata Joe Biden.
Entre a noite de quinta-feira (23) e a manhã de sexta (24), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, usou uma rede social para anunciar que 538 imigrantes ilegais, de diferentes origens, já foram presos desde a posse de Trump — incluindo um suspeito de terrorismo, quatro integrantes da gangue Tren de Aragua e outros condenados por crimes sexuais contra menores.
Ela disse, ainda, que "centenas de imigrantes ilegais já foram deportados em aeronaves militares", marcando o início do que ela chamou de "a maior operação de deportação em massa da história".
"Promessas feitas. Promessas cumpridas", escreveu Leavitt.
A chegada quase semanal de brasileiros expulsos dos Estados Unidos começou em outubro de 2019, durante o primeiro mandato de Donald Trump, quando o republicano apertou o cerco contra imigrantes ilegais.
Naquele ano, o então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), passou a permitir a entrada de aviões fretados com deportados, o que não acontecia desde 2006.
Ao tomar posse para um novo mandato na última segunda-feira (20), o presidente americano Donald Trump anunciou uma série de medidas para restringir a admissão de imigrantes de qualquer origem.
O texto divulgado pela Casa Branca com as prioridades da gestão cita "medidas ousadas para proteger nossa fronteira e as comunidades americanas". Entre as ações elencadas, estão:
- O restabelecimento da política "Permaneça no México";
- A retomada da construção do muro na fronteira entre Estados Unidos e México;
- A punição com pena de morte para imigrantes ilegais que assassinarem americanos;
- O fim do asilo a quem cruza a fronteira ilegalmente;
- Uma grande operação de deportação de imigrantes ilegais;
- O envio das Forças Armadas, incluindo a Guarda Nacional, para a área da fronteira;
- E a classificação de cartéis de drogas como "organizações terroristas estrangeiras", evocando a a Lei dos Inimigos Estrangeiros, de 1798.
Trump também declarou "emergência" na fronteira entre EUA e México, o que significa a autorização do envio de militares à região.
Ainda no primeiro dia de mandato, Trump revogou cerca de 80 decretos do governo de Joe Biden referentes ao tema da imigração. Entre ele, o que permitia a reunificação de famílias de imigrantes separadas na fronteira.
Fonte: g1